Reflexão sobre os
artigos das revistas Veja e Época sobre o uso das TIC na educação.
O
computador consolidou-se como grande acumulador de conhecimento
compartilhado antes mesmo do advento da Internet ao ser utilizado em
Intranets (redes internas em instituições públicas e privadas)
timidamente conquistando espaços em áreas de produção intelectual
e armazenamento de dados. Movidos pela atmosfera da Segunda Guerra
Mundial e posteriormente pela Guerra Fria, os cientistas, muitos dos
quais ligados a instituições militares deram início a um sistema
de descentralização de informações em formato digital que mais
tarde evoluiria e passaria a ser chamado de internet. Essa maravilha
tecnológica marcou a era da globalização e cada vez mais aprofunda
raízes no desenvolvimento cultural e intelectual do homem moderno,
mas seu uso entre as paredes das salas de aulas apresenta tanto
grandes desafios quanto grandes ressalvas.
Qualquer
programa educacional que seja aplicado no âmbito da escola pública
de ensino fundamental ou médio deveria focar-se antes na
infra-estrutura e recursos humanos diretamente envolvidos do que na
simples distribuição de computadores aos alunos. O artigo da Veja
assume um aspecto predominantemente otimista ao citar inicialmente a
experiência inusitada da estudante com um passeio virtual à Suíça
e posteriormente ao comentar vários casos de sucesso de uso do
computador nas salas de aulas em países desenvolvidos, porém há
vários pontos a serem levados em conta que talvez o entusiasmo
tecnológico não tenha permitido numa rápida análise, um destes
pontos seria o contexto social e cultural que tanto difere o
público Brasileiro do residente no hemisfério norte. Pode-se dizer
que o modelo familiar e disciplinar também empregado no Japão
distingue-se claramente do existente no Brasil e utilizá-lo numa
comparação tão superficial pode ser enganosa, ainda mais quando se
somam a exemplos Europeus. O artigo ainda faz referência aos
problemas estruturais das escolas, mas em certos momentos dá a
entender que o insucesso com o aprendizado advém tão somente do
professor despreparado e não considera as particularidades do
sistema como um todo ao mesmo tempo que cita o exemplo canadense com
seus profissionais dedicados exclusivamente ao empenho do uso
educacional do computador aliado a um poderoso recurso que é a
biblioteca digital.
Jogar computadores nas mãos dos alunos sob a
única tutoria do professor não irá resultar em progresso algum,
visto que hoje em dia isso já é feito nos laboratórios de
informática por todo o país, tal como descrito no texto, mas se um
trabalho sério de preparação de professores, contratação de
técnicos educacionais, preparação de softwares e vídeos
educacionais para todas as disciplinas for realizado aí sim pode-se
esperar um retorno intelectual deste investimento. Quanto a questão
da segurança no uso da internet o artigo da Época foi bastante
objetivo em apontar os perigos e as soluções como os programas de
restrições de acesso (webfilter) que podem também ser instalados
em servidores nas escolas.
Concluo que para o Brasil aplicar de forma tão positiva os recursos bem sucedidos em países desenvolvidos, deva não somente copiar e adaptar suas ações como principalmente copiar e adaptar as infraestruturas que possibilitam tais ações.